sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Soneto de Etelvina Amália de Siqueira (1862-1935)

Rompia a aurora louçã, perfumosa,
Seus grados odores deixando no prado,
Tremiam ainda no céu estrelado
Carimbos luzentes. Que cena formosa!


Cantando travessa, gentil e garbosa,
Descalça, risonha, cabelo adornado
De flores silvestres, andar requebrado,
Sorvendo perfumes na boca mimosa,


A filha das serras, a virgem selvagem
Passava, de rosas arfando-lhe o seio,
Os bastos cabelos brincando co a aragem.


Feliz, descuidosa, sem dor, sem receio,
E a brisa fagueira, na mansa passagem,
A face morena beijava-lhe em cheio.