quarta-feira, 25 de agosto de 2010

As origens da Chegança Santa Cruz de Itabaiana

A Chegança Santa Cruz de Itabaiana-SE, foi fundada em 10-04-1947 por José Serafim de Menezes (Zé de Binel). A iniciativa de criar o grupo surgiu de conversas entre José Serafim de Menezes e seu amigo Joãozinho Tavares, os quais trabalhavam em uma fábrica de algodão em Itabaiana. Enquanto trabalhavam, Joãozinho Tavares contava a Zé de Binel sobre um folguedo que existia em Alagoas, do qual ele fazia parte antes de vir para Sergipe e o convidou para montar um grupo em Itabaiana.1
Após várias conversas, nas quais Joãozinho descrevia detalhadamente o folguedo, José Serafim de Menezes, muito jovem, ficou deslumbrado com a história do mesmo e resolveu convidar, inicialmente, pessoas de sua família e alguns amigos da fábrica para montar o grupo e realizar os primeiros ensaios. A princípio, eram 32 componentes que realizavam juntos várias apresentações por todo o Estado, inclusive no 1º Encontro Cultural de Laranjeiras (1976). Em meio às dificuldades enfrentadas ao longo dos anos, alguns componentes foram deixando o grupo, porém as exibições não perderam suas características, pois há pessoas que se apresentam duas vezes. A denominação “Santa Cruz”, foi em homenagem à Saboaria Santa Cruz, em Itabaiana, de propriedade de Azer da saboaria, padrinho de José Serafim de Menezes. Até então o folguedo apresentava-se somente como Chegança.2
Como está registrado na biografia do fundador da Saboaria Santa Cruz, Francisco Antônio dos Santos, conhecido como Chico Risada, este montou uma pequena saboaria, numa época de poucos investimentos no segmento industrial, a qual passou para seu filho Azer dos Santos. De tão importante no cotidiano da cidade a fabrica serviria para batizar o grupo folclórico Chegança Santa Cruz, fundada pelo ex-funcionário da fábrica Zé de Binel.3
No início do grupo, a grande dificuldade enfrentada foi a falta de um espaço para a realização dos ensaios. Como eram muitas pessoas, a sala da casa de Sr. Zé não acomodava todos e isso causava muitas desavenças entres eles, já que alguns ficavam do lado de fora esperando entrar em cena. Além disso não era possível coordenar a todos ao mesmo tempo, o que dificultava o trabalho de Zé de Binel e causava-lhe grande exaustão. Após alguns anos, conseguiu comprar uma casa que tinha um terreno ao lado não qual foi construída uma garagem destinada só para os ensaios do folguedo. 4

Notas do artigo

1 Depoimento de José Serafim de Menezes, concedido a Maria Antônia de Carvalho Barros e Tatiane Santana Santos. Itabaiana, 03 de junho de 2007. (Acervo das Autoras)
2 Depoimento de José Serafim de Menezes, concedido a Maria Antônia de Carvalho Barros e Tatiane Santana Santos. Itabaiana, 03 de junho de 2007. (Acervo das Autoras)
3 http://www.itabaiana.se.gov.br/biografias/francisco_antonio.php.
4 Depoimento de José Serafim de Menezes, concedido a Maria Antônia de Carvalho Barros e Tatiane Santana Santos. Itabaiana, 03 de junho de 2007. (Acervo das Autoras)
5 DANTAS, Beatriz Góis. Cadernos de Folclore nº 14: Chegança. Rio de Janeiro: s/ed., 1985. p. 03.
6 Depoimento de José Serafim de Menezes, concedido a Maria Antônia de Carvalho Barros e Tatiane Santana Santos. Itabaiana, 03 de junho de 2007. (Acervo das Autoras)
7 Idem.
8 Ibidem.
9COMISSÃO SERGIPANA DE FOLCLORE. Revista Sergipana de Folclore. N. 1, ano 1. Aracaju, Agosto de 1976. p. 12-13.
10 BENJAMIN, Roberto. Cristãos e Mouros. In: Encontro Cultural de Laranjeiras 20 anos. Governo do Estado de Sergipe: Secretaria Especial da Cultura, 1994. p. 312.
11 BENJAMIN, Roberto. Obra Citada. p. 312.
12 Depoimento de José Serafim de Menezes, concedido a Maria Antônia de Carvalho Barros e Tatiane Santana Santos. Itabaiana, 03 de junho de 2007. (Acervo das Autoras)