sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Mais um soneto de Etelvina Amália de Siqueira

Singrando ligeiro, garboso barquinho,
Cortando dos mares o leito azulado,
Robusto gajeiro, moreno, tostado,
O remo lançando de leve, mansinho;

As garças em bando, vestidas de arminho,
O céu de matizes sutis recamado,
Em rubras alfombras o sol reclinado,
Os gratos aromas do vento marinho;

A brisa cheirosa, que passa indolente,
Cantigas suaves além repetindo,
Da terna pastora o canto inocente,

A funda saudade do sol se sumindo,
Acordam-me n’alma, tristonha, pungente
Amarga lembrança de um sonho tão lindo!