sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Crimes e mais crimes na construção da má fama da cidade de Itabaiana: cidade violenta e terra de pistoleiros

Foto: http://www.cidadaodomundo.org.br/wp-content/uploads/2009/12/Pistoleiro.jpg
            
Wanderlei de Oliveira Menezes
Graduando em História/UFS
Resumo:

O presente trabalho consiste no estudo da construção e difusão em Sergipe e, de certa forma em nível nacional, da imagem negativa do município de Itabaiana, visto como lugar violento, terra de gente “braba” e de pistoleiros. Tomando os possíveis casos formadores dessa alcunha, buscamos entender, historicamente, como foi construído o rótulo que permanece vivo até os dias atuais. A proposta desta comunicação é analisar sob o ponto de vista histórico a partir de quando essa alcunha torna-se forte a ponto de fincar raízes no imaginário social. Teoricamente, nos apoiamos em Bronislaw Baczko e Evelyne Patlagean, dois importantes teóricos da história do imaginário. Fazemos um estudo de longa duração.

Palavra-chaves: Itabaiana, violência, história do imaginário.

O imaginário social não só representa a realidade, mas também atua sobre ela, acionando práticas e imprimindo direções (CHARTIER, 1991)

         Baczko (1986) define o imaginário social como um ponto de referência no sistema simbólico produzido pelas coletividades, contribuindo para a organização da vida social e para a definição dos seus objetivos. O imaginário tem a capacidade de regular a vida coletiva, designando identidades, elaborando representações, estabelecendo e distribuindo papéis e posições sociais, exprimindo e impondo crenças comuns, e construindo códigos de comportamento. Através do imaginário social, segundo o autor, uma coletividade consegue organizar-se de modo que cada indivíduo encontre nela sua identidade, seu lugar, seu papel, sua razão de ser. A construção da identidade está, por seu turno, relacionada à delimitação de um território e à definição de imagens acerca dos amigos e inimigos, dos aliados e rivais. Com suas referências simbólicas (ritos, símbolos, mitos, imagens, instituições, dialetos, etc.), o imaginário social possibilita que as comunidades encontrem respostas ou soluções aos seus conflitos culturais, religiosos, políticos e étnicos. Em outros termos, pode-se dizer que, quando um grupo se sente ameaçado, ele aciona dispositivos imaginários, a fim de unir e mobilizar seus membros à ação. Ainda na visão de Baczko (1986, p. 311),
o imaginário social informa acerca da realidade, ao mesmo tempo em que constitui um apelo à ação, um apelo a comportar-se de determinada maneira. Esquema de interpretação, mas também de valorização, o dispositivo imaginário suscita a adesão a um sistema de valores e intervém eficazmente nos processos da sua interiorização pelos indivíduos, modelando os comportamentos, capturando as energias e, em caso de necessidade, arrastando os indivíduos para uma ação comum.

         O imaginário, para o autor, é algo inerente a todas as coletividades, nas quais surge e sobre as quais atua. Ele pode ser apropriado e manipulado pelo poder político, através de livros, jornais, revistas, rádios, televisão, outdoors, discursos e panfletos, a fim de controlar a vida social, produzindo, assim, visões futuras e projetando angústias, esperanças e sonhos coletivos.
         Segundo Evelyne Patlagean (1990), não existe nenhuma sociedade que não tenha seu imaginário, o qual é constituído por um conjunto de representações oriundo das suas mais diversas experiências. Aí estariam incluídos, por exemplo, os sonhos, os desejos, as utopias, as repressões, as evasões e as recusas, os jogos, as artes, as festas, os espetáculos, a curiosidade acerca de terras desconhecidas, a origem dos homens e das nações, as incógnitas sobre o futuro e o presente, a consciência do corpo vivido e os movimentos involuntários da alma.
         Durand (1988), por seu turno, define o imaginário como a referência última de toda a produção humana, na qual se organizam, consciente ou inconscientemente, suas obras, atitudes e opiniões. Produto resultante da imaginação, o imaginário manifesta-se discursivamente através do mito, do arranjo de símbolos e imagens, por meio dos quais o ser humano revela seu conhecimento.
         Ainda segundo Durand (1988) o homem entra em contato com a realidade de duas maneiras: diretamente, quando o objeto apresenta-se ao espírito; e indiretamente, quando o objeto não pode se apresentar de forma imediata à sensibilidade. Os modos de conhecimento indireto são o signo, a alegoria e o símbolo. O signo caracteriza-se por ser uma convenção, na qual significante e significado mantêm uma relação unívoca. A alegoria, por sua vez, apresenta-se como a concretização de uma idéia abstrata que se faz no intuito de que essa seja melhor compreendida, ou seja, parte-se de uma idéia para chegar-se a uma representação. Já no símbolo, a relação entre significante e significado nasce de certa similitude, de certa familiaridade, sem se estabelecer, no entanto, uma relação unívoca. O símbolo, portanto, é uma representação, uma figura, um signo concreto que evoca idéias ausentes ou impossíveis de se compreender de outra forma.
Quando se fala em Itabaiana de imediato vem a mente a imagem da principal cidade interiorana do Estado de Sergipe, da lendária Serra, da terra do ouro, dos caminhoneiros, da cebola, de gente rica e de belas mulheres. Contudo, outra imagem também é possível: terra violenta, de “cabra brabo” e de pistoleiros. Estas últimas alcunhas são fortes no imaginário popular dentro e fora dos limites do Estado de Sergipe.
Tornam-se necessárias algumas ressalvas antes de começarmos, propriamente dito a exposição: primeiro: a alcunha aqui analisada existe em outros estados com suas especificidades – temos na Bahia, Feira de Santana; em Alagoas, Arapiraca; em Pernambuco, Floresta e etc. Não estamos tratando de caso único e singular; em segundo lugar: a construção dessa imagem é entendida não como construída por nenhum discurso político, ela é mais forte e sentida na mentalidade popular e nos meios de comunicação; Por último: a periodização aplicada (fase colonial, século XIX e XX) e os casos tomados foram selecionados tendo em vista sua repercussão num dado contexto e provável contribuição na construção do rótulo estudado.
Começaremos a análise pelo período colonial, aqui entendam os séculos XVII e XVIII. Seria essa fase a responsável pela criação da imagem negativa de Itabaiana?
Tínhamos como provável elemento contribuidor os mocambos das Matas de Itabaiana que são mencionados por NUNES (1989) e FREIRE (1891). Esses espaços de fuga de negros fugidos causaram inquietação às autoridades metropolitanas e colonos de tal forma que para perseguirem e destruírem os negros fujões fora criado em 1668 o Distrito de Santo Antônio de Itabaiana (ALMEIDA: 2004, p.2). Contudo, como bem expõe NUNES (1989), em Sergipe havia três zonas principais de localização dos mocambos, a saber: a do Rio Real, a do Baixo São Francisco e das Matas de Itabaiana, numericamente importante, todavia não a única e nem a mais violenta nos embates entre colonizadores e negros fujões.
Se havia uma imagem forte durante esses dois séculos era a das propaladas minas de prata do sertanista Belchior Dias Moréia. O Boato que existiam minas de prata na Serra de Itabaiana motivou inúmeros aventureiros, expedições oficiais e particulares. Até os holandeses escavacaram a serra em busca dos tesouros ocultos. Apesar das várias expedições nada foi encontrado. Faltou ouro, sobraram lendas. Nos primeiros séculos, o que não faltaram foram lendas criadas pelo imaginário popular para explicar as origens dos itabaianenses. Nenhuma dessas se aproxima com a alcunha estudada.
Seria então o século XIX, época em que Itabaiana crescia em importância política em Sergipe, que se iniciaria a má fama?
Motivos não faltaram para os anos dos oitocentos serem o formador da imagem ruim. Temos célebres pistoleiros e facínoras, violência em grande quantidade e de todas as maneiras, uns clérigos que manchariam a honra de qualquer lugar, roubos, altos índices de criminalidades e presos capturados – enfim, se fossemos pintar um quadro da atrasada Vila de Santo Antônio e Almas de Itabaiana oitocentista seria negro.
Vamos começar pelos pistoleiros e facínoras. Seriam esses os tais que criaram a fama de terra de pistoleiros?
O século XIX mal começou na pacata vila de Itabaiana e já se tinha o mais temido assassino da capitania de Sergipe Del Rey. Famoso no atual agreste e Cotinguiba, seu nome era Antônio Hilário. Temido pela mira do bacamarte, era respeitado pelos “grandes” de sua época. Só entre 1808 e 1810, segundo LIMA JÚNIOR (1914), ele praticou de 12 a 13 mortes – isso só as que temos menção. O padre Joaquim José de Lacerda deu um ponto final a sua carreira criminosa ao lhe armar uma emboscada fatal em 1811. Antonio Hilário, hilariamente, é morto por pistoleiros contratado pelo mencionado vigário de maneira bastante cruel na frente da Igreja de Laranjeiras. Sua família morava na localidade Flexas, em Itabaiana, e foi impiedosamente exterminada na própria casa na chama criminosa dos protegidos de José de Barros Pimentel, o famoso Zé de Barão. O caso chega à corte, abre-se devassa, o corpo de delito é feito, trinta testemunhas são ouvidas e no final ninguém é punido.
Outro criminoso de igual porte ao anterior, surge longo em seguida. Pistoleiro e facínora Antônio José Dias, vulgo Mata Escura, aprontou grandes misérias nas décadas de 30 e 40 em Itabaiana e região. Não dá para precisar a quantidade de crimes cometidos ou em que foi cúmplice. De acordo com Pedrinho dos Santos (2003), ele é acusado de mais de seis crimes, dentre os quais cita 3: com 13 punhaladas, numa sexta-feira santa, matou um tal Zezito do Leite;  castrou com um facão de cortar cana o caçador de escravos Tonho de Esmeralda e matou ao infeliz José Francisco, auxiliado por Manoel Antônio (irmão da vítima), em seu próprio leito quando dormia para se recuperar de graves ferimentos. Preso finalmente em 1845, julgado e condenado à forca, o valentão não vê o dia 08 de março de 1847 terminar - à propósito de suas peripécia vide a versão romanceada presente no apêndice do escritor Acrísio TORRES (1999).
A cidade com o fim de Antônio Hilário e Mata Escura não poderia ficar sem seu pistoleiro. Continuando o legado de seus antecessores, surge Xicão. Citado por FREIRE (1891) como profissional da pistola. Pouco se sabe sobre sua vida. O certo é que sua fama provem dos assassinatos praticados a mando ou por conta própria. Até o presidente de província Amâncio J. P. de Andrade em relatório a Assembléia em 1851, fala-nos de sua atividade criminosa”:

O assassinato mais notável deste ano [1851], não pela qualidade da vitima (o assassinado era pobre), mas pela barbaridade com que foi cometido é o que teve logar no dia 02 de Abril, no sítio denominado Cova de Onça, termo de Itabaiana, onde um tal Manoel Francisco de Góis recebeu tantas facadas e cacetadas que seria impossível contar.

          Aqui estamos num aspecto interessante do nosso questionamento. Teria dado os três a fama de terra de pistoleiro? Não resta dúvida que esses homens apavoraram os locais por onde passavam, contudo essa situação não era privilégio de Itabaiana. Capangas, facínoras e pistoleiros como bem expõe FREIRE (1891) habitavam em outras localidades. O velho historiador menciona Inocêncio em Laranjeiras, Matias em Maruim, Moura no Rosário, Vicente Cardoso em Santo Amaro, Maruba na Capela, Quincas em Própria. Outro não citado por Felisbelo Freire foi João Bolacha, capanga do grande chefe político Botto. Quando da Revolução de Santo Amaro (1836), entrou na Matriz embriagado e atirou na Imagem de Santo Amaro, tiro esse que acertou na mão direita, até hoje procurada pelo santo (CINFORME: p. 239). Com isso, apesar do esforço dos três facínoras ainda não era o suficiente para se formar a alcunha pejorativa de cidade de pistoleiros. A concorrência era grande.
Agora é a vez dos crimes, abusos, devassidão clerical e uma série de outras desgraças.
Bem poderiam ser os anos de 1848 e 1849 os responsáveis pela má forma. No primeiro ano era enforcado, em praça pública, o mascate ambulante João Gomes de Rezende. A repercussão desse enforcamento foi tamanha. O jornal “Diário da Bahia” narra a injustiça cometida ao infeliz que pagou com a vida pelo que não cometeu, daí o criminologista e romancista Afrânio PEIXOTO (1916) ter difundido a história que esse suposto erro judicial levou D.Pedro II a comutar a pena de morte no Brasil; no obstante, a história ganhou as páginas dos antigos historiadores do Direito Criminal Brasileiro. Mesmo assim um fato isolado e por si só não seria o suficiente para construir a má fama.
No segundo ano temos os lamentáveis incidentes durante o pleito eleitoral de 1849. Motivado pelas rivalidades partidárias, houve um intenso tiroteio na porta da Matriz resultando em um saldo de 3 mortos e 19 feridos. A situação leva o pároco Felix Barreto de Vasconcelos a se queixar na imprensa e na Assembléia da administração do futuro conselheiro de estado Zacarias Góis e Vasconcelos, na época Presidente da província, que em seu relatório sugere que a província vive “no melhor dos mundos possíveis” – tomando as palavras do sábio Voltaire. O fato logo foi esquecido, pois em 1856, 1863 e 1868 ocorreram casos parecidos. Disso tudo sobraram apenas as marcas de bala dentro e fora da matriz (CARVALHO,1973).
A cidade em seguida passaria por epidemias de cólera morbus e febre amarela que quase não deixaram itabaianense para contar a história, Segundo ALMEIDA (2004) em 1849 foram 300 mortes, em 1853 cerca de 7000 óbitos (!) e em 1863, 934 mortes.
Enquanto os políticos se digladiavam e o povo morria pelas pestes, a paróquia era o único refúgio naqueles anos calamitosos. Porém, até os padres agiram em prol da má fama da vila. MOTT (1989) encontrou muitas queixas no Arquivo Nacional da conduta do vigário Alexandre Pinto Lobão (1810-1841). O indigno sacerdote bem poderia aparecer nos escritos libertinos do Marquês de Sade. O pároco é acusado de “exvirginador de donzelas”, de usar o confessionário para suas paqueras, ser arrogante, ganancioso e até homicida: “com faca de ponta penetrante matou um seo escravo mulato de nome Pedro”. Odiado pela maioria dos fregueses, que o denunciou a Inquisição, como deve ter ficado feliz o vigário ao saber em 1821 que o Tribunal da Santa Inquisição era banido do Brasil..
Menos extravagante, mas nem por isso menos devasso, foi o padre Domingos de Melo Rezende (1852-1902). Amado pelo seu “rebanho”, como sugere SEBRÃO SOBRINHO (2003), se envolveu na política (algo comum na época) e batizou muitos de seus filhos. CARVALHO (2000) diz que sua prole era grande, inclusive tinha vida marital pública, amantes e filhos com sua escrava Maria de Tal. Dos filhos do padre o mais famoso foi Hilário de Melo Rezende que se notabilizaria como músico e tem uma rua com seu nome.
Contudo, condenações injustas, querelas políticas, vigários criminosos – o mais destacado no gênero foi o Padre Manoel da Silva Porto conforme FIGUEIREDO (1986), que estudou uma dezena dessa mesma estirpe – não era motivo o bastante para pôr má fama em lugar nenhum.
Se havia uma fama forte no século XIX era a do “ouro branco”. O surto algodoeiro da segunda metade do século mudou o agreste sergipano, Itabaiana sente as mudanças, agora lugar próspero, apesar do atraso e do isolamento.
É marca do século XX o espetacular desenvolvimento no setor da comunicação e sua extensão a público cada vez maior. A má fama para repercutir precisa da comunicação. Os acontecimentos da outrora isolada vila de Itabaiana dificilmente ganhariam as páginas noticiários, o primeiro jornal chegaria em 1935. O século XX mudaria esse quadro.
Do período de 1870 a 1930, os dois trabalhos de SOUZA (2003; 2005) são importantes nessa discussão. SOUZA (2003) se refere às fronteiras do agreste de Itabaiana como ponto de encontro e passagem de transgressores da ordem social, um verdadeiro far west ,contudo a imagem que esses homens tinham do Agreste de itabaiana era outra: “Além das fronteiras existem mulheres bonitas, cavalos bons e gente rica...” -- para usar o título do autor.
A violência em Itabaiana começava a se destacar no cotidiano e nos jornais da capital. Em tese de doutorado, o mesmo autor estuda o conflito entre o Coronel Sebrão e o padre romanizador Vicente Francisco de Jesus. O embate resultou em morte durante as trezenas de 1916 e no afastamento do pároco no ano seguinte. O caso ganhou os jornais da capital e três caxangás, presente na integra em CARVALHO (2000), logo o incidente foi esquecido e silenciado.
O fato que marcava de maneira decisiva a história política de Itabaiana e sua má fama seriam os acontecimentos dos anos 60. Naquela época Euclides Paes Mendonça e Francisco Teles disputavam a hegemonia política do município. SANTOS (2003) expõe a forma autoritária como Euclides mandava e desmandava na cidade. Em 1963, ele, na época Deputado Federal, e o filho, também deputado são metralhados durante uma manifestação pública. O caso ganha as folhas dos principais jornais nacionais, a exemplo do Estado de São Paulo, citado por DANTAS (1987) e Correio Brasiliense, citado por SANTOS (2003). Em Sergipe, só se falava no caso, assim a má fama de cidade violenta, se disseminará tal qual rosto de pólvora. Uma CPI é formada para apurar o caso que no fim não resulta em nada. O resultado imediato foi a crescente ascensão de Francisco Teles de Mendonça, o famoso Chico de Miguel (até os dias atuais o maior chefe político da cidade) agora herdeiro político do finado.
A desgraça ainda não acabara. Quatro anos após o assassinato de Euclides, Manuel Teles, seu arqui-rival político, seria o próximo. Assassinato a queima-roupa na porta de casa pelo pistoleiro paraibano Antônio Letreiro, a culpa do crime recaiu sobre o ascendente político ligado a antiga UDN e herdeiro político de Euclides, Francisco Teles de Mendonça, o Chico de Miguel, que foi preso e logo em seguida absolvido no júri por 6 votos a 1, conforme DANTAS (1987).
Todos esses últimos acontecimentos certamente influíram de maneira decisiva para construção da má fama de Itabaiana. As pessoas falam do caso de Euclides e Manoel Teles até hoje.
Em 1978, a Emissora Princesa da Serra surge com o intuito de denunciar os abusos e excessos de Chico de Miguel e seus aliados. Pelas ondas do rádio no estado de Sergipe e sertão da Bahia é propagada a imagem de uma terra sem lei, violenta em que tudo era resolvido na pistola.
Assim as duas últimas gerações reproduzirem o discurso de cidade violenta e terra de pistoleiros imputados a Itabaiana, representante sergipana nesse gênero. As imagens do eldorado e do “ouro branco” cederam espaço à da cidade violenta e terra de pistoleiros, mesmo que as elites locais usem o discurso de terra ordeira, de gente de bem, honesta e dinâmica, a má fama ainda é mais forte e difícil de ser destruída.

Referências Bibliográficas

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Chegança Santa Cruz de Itabaiana no XXXV Encontro Cultural de Laranjeiras

 
Foto: Wanderlei Menezes

 
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