segunda-feira, 19 de setembro de 2011

As vestimentas da Chegança Santa Cruz


          Os trajes utilizados pelos participantes da Chegança Santa Cruz de Itabaiana-SE, são confeccionados pela esposa de José Serafim de Menezes, Maria José de Jesus, com recursos próprios e seguem à imitação da Marinha, vestes brancas com detalhes em azul e dourado. O rei mouro usa manto vermelho, coroa e espada. Seus embaixadores trajam roupas brancas, trazendo uma faixa cruzada em seu peito com a indicação de seu posto.
Quanto à simbologia das cores das vestimentas, Beatriz Góis Dantas esclarece: “... onde se defrontam mouros e cristãos, não tem aqui definida função identificadora dos personagens em oposição”. Sendo assim, a variação de cores não descaracteriza o contexto do folguedo porque não há um padrão de cores a ser seguido.1
Maria José de Jesus nos conta que para confeccionar os trajes é comprada uma peça que, em geral custa caro, ou a mesma visualiza em lojas ou revistas e faz a reprodução de várias peças. Um exemplo disso foi a compra de um chapéu de marinheiro adquirido por Zé de Binel, o qual foi desmanchado para fazer o molde e assim poder confeccionar outras peças. Os trajes são guardados sob responsabilidade do líder do folguedo e utilizados especialmente em dias festivos. São adquiridos com muita dificuldade, pois os recursos financeiros do grupo são poucos, no entanto, percebe-se o zelo e a dedicação de Zé de Binel e sua esposa em manter a caracterização da Chegança.2
Além dos trajes, as duas “princesas” do grupo levam dois estandartes estampando símbolos característicos da mourama e da cristandade. 

Notas do artigo

1 DANTAS, Beatriz Góis. Cadernos de Foclore nº 14: Chegança. Rio de Janeiro: s/ed., 1985. p.07
2 Depoimento de Maria José de Jesus, concedido a Maria Antônia de Carvalho Barros e Tatiane Santana Santos. Itabaiana, 03 de junho de 2007. (Acervo das Autoras)