A Chegança Santa Cruz de Itabaiana-SE, foi fundada em 10-04-1947 por
José Serafim de Menezes (Zé de Binel). A iniciativa de criar o
grupo surgiu de conversas entre José Serafim de Menezes e seu amigo
Joãozinho Tavares, os quais trabalhavam em uma fábrica de algodão
em Itabaiana. Enquanto trabalhavam, Joãozinho Tavares contava a Zé
de Binel sobre um folguedo que existia em Alagoas, do qual ele fazia
parte antes de vir para Sergipe e o convidou para montar um grupo em
Itabaiana.1
Após várias conversas, nas quais Joãozinho descrevia
detalhadamente o folguedo, José Serafim de Menezes, muito jovem,
ficou deslumbrado com a história do mesmo e resolveu convidar,
inicialmente, pessoas de sua família e alguns amigos da fábrica
para montar o grupo e realizar os primeiros ensaios. A princípio,
eram 32 componentes que realizavam juntos várias apresentações por
todo o Estado, inclusive no 1º Encontro Cultural de Laranjeiras
(1976). Em meio às dificuldades enfrentadas ao longo dos anos,
alguns componentes foram deixando o grupo, porém as exibições não
perderam suas características, pois há pessoas que se apresentam
duas vezes. A denominação “Santa Cruz”, foi em homenagem à
Saboaria Santa Cruz, em Itabaiana, de propriedade de Azer da
saboaria, padrinho de José Serafim de Menezes. Até então o
folguedo apresentava-se somente como Chegança.2
Como está registrado na biografia do fundador da Saboaria Santa
Cruz, Francisco Antônio dos Santos, conhecido como Chico Risada,
este montou uma pequena saboaria, numa época de poucos investimentos
no segmento industrial, a qual passou para seu filho Azer dos Santos.
De tão importante no cotidiano da cidade a fabrica serviria para
batizar o grupo folclórico Chegança Santa Cruz, fundada pelo
ex-funcionário da fábrica Zé de Binel.3
No início do grupo, a grande dificuldade enfrentada foi a falta de
um espaço para a realização dos ensaios. Como eram muitas pessoas,
a sala da casa de Sr. Zé não acomodava todos e isso causava muitas
desavenças entres eles, já que alguns ficavam do lado de fora
esperando entrar em cena. Além disso não era possível coordenar a
todos ao mesmo tempo, o que dificultava o trabalho de Zé de Binel e
causava-lhe grande exaustão. Após alguns anos, conseguiu comprar
uma casa que tinha um terreno ao lado não qual foi construída uma
garagem destinada só para os ensaios do folguedo. 4
1
Depoimento de José Serafim de Menezes, concedido a Maria Antônia
de Carvalho Barros e Tatiane Santana Santos. Itabaiana, 03 de junho
de 2007. (Acervo das Autoras)
2
Depoimento de José Serafim de Menezes, concedido a Maria Antônia
de Carvalho Barros e Tatiane Santana Santos. Itabaiana, 03 de junho
de 2007. (Acervo das Autoras)
3
http://www.itabaiana.se.gov.br/biografias/francisco_antonio.php.
4
Depoimento de José Serafim de Menezes, concedido a Maria Antônia
de Carvalho Barros e Tatiane Santana Santos. Itabaiana, 03 de junho
de 2007. (Acervo das Autoras)
5
DANTAS, Beatriz Góis. Cadernos de Folclore nº 14: Chegança.
Rio de Janeiro: s/ed., 1985. p. 03.
6
Depoimento de José Serafim de Menezes, concedido a Maria Antônia
de Carvalho Barros e Tatiane Santana Santos. Itabaiana, 03 de junho
de 2007. (Acervo das Autoras)
7
Idem.
8
Ibidem.
9COMISSÃO
SERGIPANA DE FOLCLORE. Revista Sergipana de Folclore. N. 1,
ano 1. Aracaju, Agosto de 1976. p. 12-13.
10
BENJAMIN, Roberto. Cristãos e Mouros. In: Encontro Cultural de
Laranjeiras 20 anos. Governo do Estado de Sergipe: Secretaria
Especial da Cultura, 1994. p. 312.
11
BENJAMIN, Roberto. Obra Citada. p. 312.
12
Depoimento de José Serafim de Menezes, concedido a Maria Antônia
de Carvalho Barros e Tatiane Santana Santos. Itabaiana, 03 de junho
de 2007. (Acervo das Autoras)