Foto: http://www.cidadaodomundo.org.br/wp-content/uploads/2009/12/Pistoleiro.jpg
Wanderlei de
Oliveira Menezes
Graduando em História/UFS
Resumo:
O presente trabalho consiste no
estudo da construção e difusão em Sergipe e, de certa forma em nível nacional,
da imagem negativa do município de Itabaiana, visto como lugar violento, terra
de gente “braba” e de pistoleiros. Tomando os possíveis casos formadores dessa
alcunha, buscamos entender, historicamente, como foi construído o rótulo que
permanece vivo até os dias atuais. A proposta desta comunicação é analisar sob
o ponto de vista histórico a partir de quando essa alcunha torna-se forte a
ponto de fincar raízes no imaginário social. Teoricamente, nos apoiamos em Bronislaw Baczko e Evelyne Patlagean, dois
importantes teóricos da história do imaginário. Fazemos um estudo de longa duração.
Palavra-chaves: Itabaiana, violência, história do
imaginário.
O imaginário social não só representa a realidade, mas
também atua sobre ela, acionando práticas e imprimindo direções (CHARTIER,
1991)
Baczko
(1986) define o imaginário social como um ponto de referência no sistema
simbólico produzido pelas coletividades, contribuindo para a organização da
vida social e para a definição dos seus objetivos. O imaginário tem a
capacidade de regular a vida coletiva, designando identidades, elaborando
representações, estabelecendo e distribuindo papéis e posições sociais,
exprimindo e impondo crenças comuns, e construindo códigos de comportamento.
Através do imaginário social, segundo o autor, uma coletividade consegue
organizar-se de modo que cada indivíduo encontre nela sua identidade, seu
lugar, seu papel, sua razão de ser. A construção da identidade está, por seu
turno, relacionada à delimitação de um território e à definição de imagens
acerca dos amigos e inimigos, dos aliados e rivais. Com suas referências
simbólicas (ritos, símbolos, mitos, imagens, instituições, dialetos, etc.), o
imaginário social possibilita que as comunidades encontrem respostas ou
soluções aos seus conflitos culturais, religiosos, políticos e étnicos. Em
outros termos, pode-se dizer que, quando um grupo se sente ameaçado, ele aciona
dispositivos imaginários, a fim de unir e mobilizar seus membros à ação. Ainda
na visão de Baczko (1986, p. 311),
o imaginário social informa acerca da realidade, ao mesmo
tempo em que constitui um apelo à ação, um apelo a comportar-se de determinada
maneira. Esquema de interpretação, mas também de valorização, o dispositivo
imaginário suscita a adesão a um sistema de valores e intervém eficazmente nos
processos da sua interiorização pelos indivíduos, modelando os comportamentos,
capturando as energias e, em caso de necessidade, arrastando os indivíduos para
uma ação comum.
O
imaginário, para o autor, é algo inerente a todas as coletividades, nas quais
surge e sobre as quais atua. Ele pode ser apropriado e manipulado pelo poder
político, através de livros, jornais, revistas, rádios, televisão, outdoors,
discursos e panfletos, a fim de controlar a vida social, produzindo, assim,
visões futuras e projetando angústias, esperanças e sonhos coletivos.
Segundo
Evelyne Patlagean (1990), não existe nenhuma sociedade que não tenha seu
imaginário, o qual é constituído por um conjunto de representações oriundo das
suas mais diversas experiências. Aí estariam incluídos, por exemplo, os sonhos,
os desejos, as utopias, as repressões, as evasões e as recusas, os jogos, as
artes, as festas, os espetáculos, a curiosidade acerca de terras desconhecidas,
a origem dos homens e das nações, as incógnitas sobre o futuro e o presente, a
consciência do corpo vivido e os movimentos involuntários da alma.
Durand
(1988), por seu turno, define o imaginário como a referência última de toda a
produção humana, na qual se organizam, consciente ou inconscientemente, suas
obras, atitudes e opiniões. Produto resultante da imaginação, o imaginário
manifesta-se discursivamente através do mito, do arranjo de símbolos e imagens,
por meio dos quais o ser humano revela seu conhecimento.
Ainda
segundo Durand (1988) o homem entra em contato com a realidade de duas
maneiras: diretamente, quando o objeto apresenta-se ao espírito; e
indiretamente, quando o objeto não pode se apresentar de forma imediata à
sensibilidade. Os modos de conhecimento indireto são o signo, a alegoria e o
símbolo. O signo caracteriza-se por ser uma convenção, na qual significante e
significado mantêm uma relação unívoca. A alegoria, por sua vez, apresenta-se
como a concretização de uma idéia abstrata que se faz no intuito de que essa
seja melhor compreendida, ou seja, parte-se de uma idéia para chegar-se a uma
representação. Já no símbolo, a relação entre significante e significado nasce
de certa similitude, de certa familiaridade, sem se estabelecer, no entanto,
uma relação unívoca. O símbolo, portanto, é uma representação, uma figura, um
signo concreto que evoca idéias ausentes ou impossíveis de se compreender de
outra forma.
Quando se fala em
Itabaiana de imediato vem a mente a imagem da principal cidade interiorana do
Estado de Sergipe, da lendária Serra, da terra do ouro, dos caminhoneiros, da
cebola, de gente rica e de belas mulheres. Contudo, outra imagem também é possível:
terra violenta, de “cabra brabo” e de pistoleiros. Estas últimas alcunhas são
fortes no imaginário popular dentro e fora dos limites do Estado de Sergipe.
Tornam-se necessárias algumas
ressalvas antes de começarmos, propriamente dito a exposição: primeiro: a
alcunha aqui analisada existe em outros estados com suas especificidades –
temos na Bahia, Feira de Santana; em Alagoas, Arapiraca; em Pernambuco,
Floresta e etc. Não estamos tratando de caso único e singular; em segundo
lugar: a construção dessa imagem é entendida não como construída por nenhum discurso
político, ela é mais forte e sentida na mentalidade popular e nos meios de
comunicação; Por último: a periodização aplicada (fase colonial, século XIX e
XX) e os casos tomados foram selecionados tendo em vista sua repercussão num
dado contexto e provável contribuição na construção do rótulo estudado.
Começaremos a análise
pelo período colonial, aqui entendam os séculos XVII e XVIII. Seria essa fase a
responsável pela criação da imagem negativa de Itabaiana?
Tínhamos como provável
elemento contribuidor os mocambos das Matas de Itabaiana que são mencionados
por NUNES (1989) e FREIRE (1891). Esses espaços de fuga de negros fugidos causaram
inquietação às autoridades metropolitanas e colonos de tal forma que para
perseguirem e destruírem os negros fujões fora criado em 1668 o Distrito de
Santo Antônio de Itabaiana (ALMEIDA: 2004, p.2). Contudo, como bem expõe NUNES
(1989), em Sergipe havia três zonas principais de localização dos mocambos, a
saber: a do Rio Real, a do Baixo São Francisco e das Matas de Itabaiana,
numericamente importante, todavia não a única e nem a mais violenta nos embates
entre colonizadores e negros fujões.
Se havia uma imagem
forte durante esses dois séculos era a das propaladas minas de prata do
sertanista Belchior Dias Moréia. O Boato que existiam minas de prata na Serra
de Itabaiana motivou inúmeros aventureiros, expedições oficiais e particulares.
Até os holandeses escavacaram a serra em busca dos tesouros ocultos. Apesar das
várias expedições nada foi encontrado. Faltou ouro, sobraram lendas. Nos
primeiros séculos, o que não faltaram foram lendas criadas pelo imaginário
popular para explicar as origens dos itabaianenses. Nenhuma dessas se aproxima
com a alcunha estudada.
Seria então o século
XIX, época em que Itabaiana crescia em importância política em Sergipe, que se
iniciaria a má fama?
Motivos não faltaram
para os anos dos oitocentos serem o formador da imagem ruim. Temos célebres
pistoleiros e facínoras, violência em grande quantidade e de todas as maneiras,
uns clérigos que manchariam a honra de qualquer lugar, roubos, altos índices de
criminalidades e presos capturados – enfim, se fossemos pintar um quadro da
atrasada Vila de Santo Antônio e Almas de Itabaiana oitocentista seria negro.
Vamos começar pelos
pistoleiros e facínoras. Seriam esses os tais que criaram a fama de terra de
pistoleiros?
O século XIX mal começou
na pacata vila de Itabaiana e já se tinha o mais temido assassino da capitania
de Sergipe Del Rey. Famoso no atual agreste e Cotinguiba, seu nome era Antônio
Hilário. Temido pela mira do bacamarte, era respeitado pelos “grandes” de sua
época. Só entre 1808 e 1810, segundo LIMA JÚNIOR (1914), ele praticou de 12 a
13 mortes – isso só as que temos menção. O padre Joaquim José de Lacerda deu um
ponto final a sua carreira criminosa ao lhe armar uma emboscada fatal em 1811.
Antonio Hilário, hilariamente, é morto por pistoleiros contratado pelo mencionado
vigário de maneira bastante cruel na frente da Igreja de Laranjeiras. Sua
família morava na localidade Flexas, em Itabaiana, e foi impiedosamente
exterminada na própria casa na chama criminosa dos protegidos de José de Barros
Pimentel, o famoso Zé de Barão. O caso chega à corte, abre-se devassa, o corpo
de delito é feito, trinta testemunhas são ouvidas e no final ninguém é punido.
Outro criminoso de igual
porte ao anterior, surge longo em seguida. Pistoleiro e facínora Antônio José
Dias, vulgo Mata Escura, aprontou grandes misérias nas décadas de 30 e 40 em
Itabaiana e região. Não dá para precisar a quantidade de crimes cometidos ou em
que foi cúmplice. De acordo com Pedrinho dos Santos (2003), ele é acusado de
mais de seis crimes, dentre os quais cita 3: com 13 punhaladas, numa
sexta-feira santa, matou um tal Zezito do Leite; castrou com um facão de cortar cana o caçador
de escravos Tonho de Esmeralda e matou ao infeliz José Francisco, auxiliado por
Manoel Antônio (irmão da vítima), em seu próprio leito quando dormia para se recuperar
de graves ferimentos. Preso finalmente em 1845, julgado e condenado à forca, o
valentão não vê o dia 08 de março de 1847 terminar - à propósito de suas
peripécia vide a versão romanceada presente no apêndice do escritor Acrísio
TORRES (1999).
A cidade com o fim de
Antônio Hilário e Mata Escura não poderia ficar sem seu pistoleiro. Continuando
o legado de seus antecessores, surge Xicão. Citado por FREIRE (1891) como
profissional da pistola. Pouco se sabe sobre sua vida. O certo é que sua fama
provem dos assassinatos praticados a mando ou por conta própria. Até o
presidente de província Amâncio J. P. de Andrade em relatório a Assembléia em
1851, fala-nos de sua atividade criminosa”:
O assassinato mais notável deste ano [1851], não pela qualidade da
vitima (o assassinado era pobre), mas pela barbaridade com que foi cometido é o
que teve logar no dia 02 de Abril, no sítio denominado Cova de Onça, termo de
Itabaiana, onde um tal Manoel Francisco de Góis recebeu tantas facadas e cacetadas
que seria impossível contar.
Aqui estamos num aspecto interessante
do nosso questionamento. Teria dado os três a fama de terra de pistoleiro? Não
resta dúvida que esses homens apavoraram os locais por onde passavam, contudo
essa situação não era privilégio de Itabaiana. Capangas, facínoras e
pistoleiros como bem expõe FREIRE (1891) habitavam em outras localidades. O
velho historiador menciona Inocêncio em Laranjeiras, Matias em Maruim, Moura no
Rosário, Vicente Cardoso em Santo Amaro, Maruba na Capela, Quincas em Própria.
Outro não citado por Felisbelo Freire foi João Bolacha, capanga do grande chefe
político Botto. Quando da Revolução de Santo Amaro (1836), entrou na Matriz
embriagado e atirou na Imagem de Santo Amaro, tiro esse que acertou na mão
direita, até hoje procurada pelo santo (CINFORME: p. 239). Com isso, apesar do
esforço dos três facínoras ainda não era o suficiente para se formar a alcunha
pejorativa de cidade de pistoleiros. A concorrência era grande.
Agora é
a vez dos crimes, abusos, devassidão clerical e uma série de outras desgraças.
Bem
poderiam ser os anos de 1848 e 1849 os responsáveis pela má forma. No primeiro
ano era enforcado, em praça pública, o mascate ambulante João Gomes de Rezende.
A repercussão desse enforcamento foi tamanha. O jornal “Diário da Bahia” narra
a injustiça cometida ao infeliz que pagou com a vida pelo que não cometeu, daí
o criminologista e romancista Afrânio PEIXOTO (1916) ter difundido a história
que esse suposto erro judicial levou D.Pedro II a comutar a pena de morte no
Brasil; no obstante, a história ganhou as páginas dos antigos historiadores do
Direito Criminal Brasileiro. Mesmo assim um fato isolado e por si só não seria
o suficiente para construir a má fama.
No
segundo ano temos os lamentáveis incidentes durante o pleito eleitoral de 1849.
Motivado pelas rivalidades partidárias, houve um intenso tiroteio na porta da
Matriz resultando em um saldo de 3 mortos e 19 feridos. A situação leva o
pároco Felix Barreto de Vasconcelos a se queixar na imprensa e na Assembléia da
administração do futuro conselheiro de estado Zacarias Góis e Vasconcelos, na
época Presidente da província, que em seu relatório sugere que a província vive
“no melhor dos mundos possíveis” – tomando as palavras do sábio Voltaire. O
fato logo foi esquecido, pois em 1856, 1863 e 1868 ocorreram casos parecidos.
Disso tudo sobraram apenas as marcas de bala dentro e fora da matriz
(CARVALHO,1973).
A
cidade em seguida passaria por epidemias de cólera morbus e febre amarela que
quase não deixaram itabaianense para contar a história, Segundo ALMEIDA (2004)
em 1849 foram 300 mortes, em 1853 cerca de 7000 óbitos (!) e em 1863, 934
mortes.
Enquanto
os políticos se digladiavam e o povo morria pelas pestes, a paróquia era o
único refúgio naqueles anos calamitosos. Porém, até os padres agiram em prol da
má fama da vila. MOTT (1989) encontrou muitas queixas no Arquivo Nacional da
conduta do vigário Alexandre Pinto Lobão (1810-1841). O indigno sacerdote bem
poderia aparecer nos escritos libertinos do Marquês de Sade. O pároco é acusado
de “exvirginador de donzelas”, de usar o confessionário para suas paqueras, ser
arrogante, ganancioso e até homicida: “com faca de ponta penetrante matou um
seo escravo mulato de nome Pedro”. Odiado pela maioria dos fregueses, que o
denunciou a Inquisição, como deve ter ficado feliz o vigário ao saber em 1821
que o Tribunal da Santa Inquisição era banido do Brasil..
Menos
extravagante, mas nem por isso menos devasso, foi o padre Domingos de Melo Rezende
(1852-1902). Amado pelo seu “rebanho”, como sugere SEBRÃO SOBRINHO (2003), se
envolveu na política (algo comum na época) e batizou muitos de seus filhos.
CARVALHO (2000) diz que sua prole era grande, inclusive tinha vida marital
pública, amantes e filhos com sua escrava Maria de Tal. Dos filhos do padre o
mais famoso foi Hilário de Melo Rezende que se notabilizaria como músico e tem
uma rua com seu nome.
Contudo,
condenações injustas, querelas políticas, vigários criminosos – o mais
destacado no gênero foi o Padre Manoel da Silva Porto conforme FIGUEIREDO
(1986), que estudou uma dezena dessa mesma estirpe – não era motivo o bastante
para pôr má fama em lugar nenhum.
Se
havia uma fama forte no século XIX era a do “ouro branco”. O surto algodoeiro
da segunda metade do século mudou o agreste sergipano, Itabaiana sente as
mudanças, agora lugar próspero, apesar do atraso e do isolamento.
É marca
do século XX o espetacular desenvolvimento no setor da comunicação e sua
extensão a público cada vez maior. A má fama para repercutir precisa da
comunicação. Os acontecimentos da outrora isolada vila de Itabaiana
dificilmente ganhariam as páginas noticiários, o primeiro jornal chegaria em
1935. O século XX mudaria esse quadro.
Do
período de 1870 a 1930, os dois trabalhos de SOUZA (2003; 2005) são importantes
nessa discussão. SOUZA (2003) se refere às fronteiras do agreste de Itabaiana
como ponto de encontro e passagem de transgressores da ordem social, um
verdadeiro far west ,contudo a imagem
que esses homens tinham do Agreste de itabaiana era outra: “Além das fronteiras
existem mulheres bonitas, cavalos bons e gente rica...” -- para usar o título
do autor.
A
violência em Itabaiana começava a se destacar no cotidiano e nos jornais da
capital. Em tese de doutorado, o mesmo autor estuda o conflito entre o Coronel
Sebrão e o padre romanizador Vicente Francisco de Jesus. O embate resultou em
morte durante as trezenas de 1916 e no afastamento do pároco no ano seguinte. O
caso ganhou os jornais da capital e três caxangás, presente na integra em
CARVALHO (2000), logo o incidente foi esquecido e silenciado.
O fato
que marcava de maneira decisiva a história política de Itabaiana e sua má fama
seriam os acontecimentos dos anos 60. Naquela época Euclides Paes Mendonça e
Francisco Teles disputavam a hegemonia política do município. SANTOS (2003)
expõe a forma autoritária como Euclides mandava e desmandava na cidade. Em
1963, ele, na época Deputado Federal, e o filho, também deputado são
metralhados durante uma manifestação pública. O caso ganha as folhas dos
principais jornais nacionais, a exemplo do Estado de São Paulo, citado por
DANTAS (1987) e Correio Brasiliense, citado por SANTOS (2003). Em Sergipe, só
se falava no caso, assim a má fama de cidade violenta, se disseminará tal qual
rosto de pólvora. Uma CPI é formada para apurar o caso que no fim não resulta
em nada. O resultado imediato foi a crescente ascensão de Francisco Teles de
Mendonça, o famoso Chico de Miguel (até os dias atuais o maior chefe político
da cidade) agora herdeiro político do finado.
A
desgraça ainda não acabara. Quatro anos após o assassinato de Euclides, Manuel
Teles, seu arqui-rival político, seria o próximo. Assassinato a queima-roupa na
porta de casa pelo pistoleiro paraibano Antônio Letreiro, a culpa do crime
recaiu sobre o ascendente político ligado a antiga UDN e herdeiro político de
Euclides, Francisco Teles de Mendonça, o Chico de Miguel, que foi preso e logo
em seguida absolvido no júri por 6 votos a 1, conforme DANTAS (1987).
Todos
esses últimos acontecimentos certamente influíram de maneira decisiva para
construção da má fama de Itabaiana. As pessoas falam do caso de Euclides e
Manoel Teles até hoje.
Em
1978, a Emissora Princesa da Serra surge com o intuito de denunciar os abusos e
excessos de Chico de Miguel e seus aliados. Pelas ondas do rádio no estado de
Sergipe e sertão da Bahia é propagada a imagem de uma terra sem lei, violenta
em que tudo era resolvido na pistola.
Assim
as duas últimas gerações reproduzirem o discurso de cidade violenta e terra de
pistoleiros imputados a Itabaiana, representante sergipana nesse gênero. As
imagens do eldorado e do “ouro branco” cederam espaço à da cidade violenta e
terra de pistoleiros, mesmo que as elites locais usem o discurso de terra
ordeira, de gente de bem, honesta e dinâmica, a má fama ainda é mais forte e
difícil de ser destruída.
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